Os Estados Unidos e as Bahamas estão disputando US$ 200 milhões em propriedades de luxo do espólio da FTX, exchange que quebrou no mês passado e gerou uma das piores crises da história do mercado cripto. A informação sobre os imóveis, localizados no país da América Central, estão em documentos adicionados na segunda-feira (12) aos processos sobre o caso.
Os advogados do novo CEO da FTX, John Ray, estão tentando combater aquilo que chamam de tentativas “imprudentes” dos liquidatários das Bahamas de garantir o acesso aos sistemas de TI da extinta corretora.
Tentativas malsucedidas do ex-CEO da FTX, Sam Bankman-Fried, de recuperar sua senha para os sistemas da empresa, aparentemente por insistência de alguns grupos de liquidatários das Bahamas, “destacam a imprudência com que os (liquidatários) e as autoridades das Bahamas estão abordando a segurança dos ativos e sistemas dos devedores”, disse um documento em nome da FTX.
“A última vez que esses indivíduos tiveram acesso aos sistemas, eles usaram esse acesso para transferir ativos pertencentes aos devedores”, acrescentou o material.
Ainda segundo o documento, uma breve reabertura da exchange FTX entre 10 e 11 de novembro, período em que Bankman-Fried renunciou e a empresa declarou falência, levou a uma retirada de US$ 100 milhões em criptomoedas por 1.500 clientes supostamente das Bahamas.
Em 10 de novembro, Bankman-Fried havia prometido ao procurador-geral do país, Ryan Pinder, que segregaria fundos para clientes locais e permitiria que eles sacassem, de acordo com um e-mail adicionado ao processo.
Em uma carta de 7 de dezembro, os advogados dos liquidatários das Bahamas alertaram sobre “impactos adversos potencialmente graves” e o risco de dissipação de ativos caso não tivessem acesso imediato a sistemas da FTX, como o Amazon Cloud e o Google Drive.
Vilas de luxo
Enquanto isso, em um processo judicial separado, os liquidatários das Bahamas dizem que os administradores do espólio transferiram ilegalmente uma propriedade de US$ 30 milhões para as mãos dos EUA, enquanto os advogados discutem sobre qual país tem jurisdição. No total, há 35 propriedades de luxo do antigo império cripto na região.
Os imóveis estavam supostamente sob o controle do ex-CEO da FTX, Sam Bankman-Fried, e do co-CEO Ryan Salame. No entanto, pode ser que Salame não tenha aprovado a inclusão dos imóveis no processo de falência da empresa, disse Brian Simms, um liquidante nomeado nas Bahamas, ao tribunal de Delaware, nos EUA.
“Uma ação de um diretor é nula sob a lei das Bahamas quando o consentimento de dois diretores é necessário”, disse Simms. “A lei das Bahamas não permite o reconhecimento de um processo de insolvência estrangeiro de uma corporação das Bahamas”, como seria o caso da FTX.
Depois de assumir o cargo de CEO em 11 de novembro, Ray disse ao tribunal que a FTX tem uma das maiores falhas de governança que ele viu em sua carreira de 40 anos focada em reestruturação corporativa. Ray citou problemas em documentar a estrutura das mais de 100 entidades no império de Bankman-Fried, a folha de pessoal ou o status das propriedades das Bahamas concedidas à equipe.
Bankman-Fried deveria prestar depoimento na Câmara dos Representantes dos EUA nesta terça-feira (13). A notícia da prisão do executivo nas Bahamas, no entanto, colocou em dúvida a presença do ex-bilionário no congresso norte-americano.
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